quarta-feira, maio 7

Casos de doping...

O sprinter Alessandro Petacchi foi suspenso por um ano pela CAS (Court of Arbitration for Sport) e os seus resultados desde o Giro 2007 foram removidos. Depois de ter acusado excesso de salbutamol (presente no seu inalador) aquando da sua vitória na 11ª etapa do Giro 2007 e depois de muitas acusações durante a sua carreira, o italiano desta vez não escapou. A suspensão acaba dia 31 de Agosto.

As substâncias que se encontram na lista proibída da Agência Mundial Anti-Doping (WADA) estão sujeitas a três critérios: se aumenta o desempenho físico, se pode ser perigoso para a saúde do atleta e ainda, se a WADA determina que “viola o espírito do desporto”, e é neste último ponto que surge a confusão.

Fica aqui o link para o press release da WADA sobre este caso.

Tal como muitos ciclistas de topo, o italiano tem autorização para tomar o Ventolin, um bronco-dilatador que deve ser tomado regularmente para evitar as crises de asma. Este medicamento é proibido mas está legislado como Therapeutic Use Exemptions (TUEs), isto é, caso uma pessoa tenha uma doença (asma neste caso) pode usar determinados medicamentos. O Ventolin é feito de salbutamol um beta-adrenérgico cujo efeito é dilatar as vias respiratórias, mas em caso de uso excessivo pode ter efeitos adversos tais como: baixa pressão, taquicardia, tremores.

Estudos têm demonstrado que esta substância permite um aumento da potência anaeróbica como também um aumento de força muscular e simultaneamente uma diminuição na percentagem de gordura corporal. Soa bastante útil para um sprinter não?!

Para que não haja abusos a WADA definiu o limite de 1000 ng/ml de salbutamol na urina dos atletas. Petacchi acusou 1352 ng/ml nesse dia, ele justifou-se afirmando que tomou 6 a 7 puffs na altura da corrida o que teoricamente daria no máximo um pouco mais de 800. Contudo, poderá haver outros factores que não o mau uso do inalador para que exceda os 1000 ng/ml (pag 12 6.7c). Os médicos da acusação já com vasta experiência nestes testes, alegam que raramente existem atletas que ultrapassam o 1000 usando apenas o inalador (pag 14 e 15). Também sou asmático e nunca dei 7 puffs num inalador em 10 horas!!

A questão é, se ele utilizou por se sentir mal já que estava um dia húmido, ou com o intuito de melhorar a sua perfomance?

A verdade é que foi acusado de uso de doping e a sua suspenção devia ter sido de 2 anos e mais dois sem poder competir em uma equipa Pro Tour. Em vez disso, foi apenas de um ano e só agora suspenso?! Enquanto este processo ia-se arrastando o italiano ia acumulando vitórias, no Paris-Tour, etapas no TOUR e na VUELTA, os coitados que ficavam em 2º, já ninguém se lembra?...

Então e Floyd Landis, Ivan Basso, por usarem outra droga tem tratamento mais severo? Não concordo, se são considerados culpados por uso de doping, devem ter sentenças iguais.

Talvez Petacchi até seja asmático e achou que precisou de usar, se calhar até nem tirou grande proveito do uso excessivo, mas a verdade é que ultrapassou o limite permitido. As regras do doping são claras, uma infracção é uma infracção mesmo que o atleta em questão a tenha realizado conscientemente ou não. Se não formos claros e objectivos, acho que dificilmente podemos definir qual o mais ou menos grave, e estariamos aqui a debater para sempre...

Apesar de achar pouco, foi um claro sinal de que de agora em diante quem pisar o risco seja de qualquer forma, não vai passar incólume.

Ontem foi conhecido outro caso, o corredor Patxi Vila também foi outro apanhado. Depois de tanto se queixar no princípio da época devido a constantes controlos surpresas e a más horas, acusou excesso de testosterona no dia 3 de Março. Pediu uma contra-análise e continuou a dar positivo. Retirou-se no Tour de Romandie quando era líder da montanha e seria um dos chefes de fila da Lampre para o Giro depois de um 15º o ano passado, assim, parece que Vila de 32 anos tem os dias contados...


Top 10, das desculpas por terem usado doping (CBC Sports).

Off Topic: Há duas equipas, Bettof team e Los Cambitos que no Jogo Sempre na Roda escolheram o Petacchi, se quiserem podem mudar...

Um comentário:

Anônimo disse...

Exatamente essa é a questão.

Até agora não entendi porquê de 1 ano e não 2.

O problema não é só a suspensão. Como fica a imagem dos patrocinadores dos corredores que perderam pro Petacchi e não puderam levantar os braços e mostrar a marca?? Quem lembra quem foi o segundo? Isso não é pago com uma suspensão.

Outra questão é a quantidade e a vontade ou não de dopar-se. Isso é irrelevante na questão.

A saltadora brasileira Mauren Maggi foi suspensa por dois anos ao usar um creme cicatrizante após fazer depilação definitiva (lá perto daquele lugar :) ), mesmo sem intenção de doping foi suspensa por usar o corticoide. Azar o dela.

Abraço