segunda-feira, julho 28

A tão esperada vitória de Carlos Sastre e da Team CSC - Saxo Bank.

Gert Steegmans lá conseguiu fazer esquecer por momentos a má prestação da Quick-Step neste Tour.

Aquela camera de filmar que movia-se paralelamente à trajectória dos corredores dá-nos uma muito maior noção da velocidade dos sprinters, e também da quebra do belga nos últimos 20 metros em relação a Ciolek, o 2º classificado.

Schumacher lá fez outro impressionante contra-relógio!! Cancellara deve estar a pensar como será nos Jogos Olímpicos, ao menos irá haver um certo suspense para ver quem será o vencedor.


Que grande Tour por parte de Bernard Kohl, aliás por parte da Gerolsteiner, sinceramente não previa grandes coisas para esta equipa antes do Tour, mas foi sem dúvida das melhores, camisola da montanha, o lugar mais baixo do pódio em Paris e ainda duas etapas, agora só falta mesmo um novo patrocinador. (não deve faltar muito)


Na minha opinião foi um dos melhores Tour dos últimos anos, muitos ataques, constantes mudanças da amarela, muitas fugas bem sucedidas e até sprints algo peculiares. Foi um Tour onde talvez o mais forte não ganhou, mas sim o mais inteligente que conseguiu explorar os seus pontos mais fortes e disfarçar os fracos. Carlos Sastre antes da última semana passou bem discreto, esperou pelo momento onde tinha que desferir a ferida, e fê-lo com precisão. O principal favorito Cadel Evans onde muitos apontava-no como vencedor (eu), bastou um ataque para o deitar por terra: foi no Alpe d’Huez onde tudo se decidiu. Carlos Sastre sem nada a perder e depois de uma longa carreira muito regular mas sem nenhum brilhante vitória, vestiu o papel de líder e representou individualmente a força da sua equipa. Nunca pensei que ele conseguisse a vantagem que lhe permitiu defender-se no crono, nunca pensei que....a verdade é que foi o vencedor e muito justamente. Ao fim de muitos anos a tentar, e de já muitos o arredarem do título, este ano conseguiu.


O que será que afectou Cadel Evans no crono final? Muitos dizem que foi somente a fadiga, contudo este é bastante conceituado em contra-relógios especialmente depois de um longo período de exaustão. Houve várias razões para que o Alpe d’Huez tivesse sido o seu esgotamento, antes teve a uma dolorosa queda o que deita sempre a moral a baixo como também a falta de ajuda por parte da sua equipa. Na tal subida o australiano depois de responder a vários ataques dos Schleck teve que impôr rédia curta no grupo fazendo a sua crono-escalada até ao topo. O problema é que em provas como o Tour há pouca margem para esforços inúteis, e isso Sastre ao longo de 8 anos entendeu, Evans pelo contrário em cada montanha que passou foi um dos que mais se esforçou para conter os adversários.


No entanto nada disto seria possível caso o espanhol não pertencesse à Team CSC-Saxo Bank. Ao contrário de Evans (nem mesmo Popovych!!) Sastre teve sempre o apoio da sua equipa. Esta que começou por destronar os adversários mais frágeis para no fim só ficar um, e aí coube ao seu líder. Riis afirmou há dias que tanto Schleck como Sastre precisavam de 3 minutos para Cadel Evans no último crono final para vencer o Tour de France, e eu concordei. É provável que Riis tivesse a fazer bluf ou talvez não esperava este resultado, mas a verdade é que o historial e mesmo a época do espanhol apontava para essa perda de tempo. Muitos dos seus companheiros abdicaram dos seus objectivos (Arvesen teve a oportunidade de vencer uma etapa), para dedicarem-se à equipa, ao espanhol. Voigt não o vimos a atacar, Cancellara sacrificou o contra-relógio ao trabalhar arduamente nos dois dias antes (muito intensos), O’Grady que podia discutir um ou outro sprint também não apareceu, e finalmente os irmãos Schleck, Andy que era bem capaz de ganhar no Alpe d’Huez assim como o seu irmão...


Foi assim um Tour perfeito para Carlos Sastre e para a Team CSC-Saxo Bank. Camisola Amarela, Branca, uma vitória de etapa e vencedora da classificação por Equipas. “Doesn't get much better than that?!” (frase habitual de Voigt)




Rafael Nadal venceu o Wimbledon e o Rolland Garros, Espanha a venceu o Campeonato da Europa de Futebol e de Hoquei Patins, Javier Gomez foi Campeão do Mundo de Triatlo. Depois de Alberto Contador vencer o Giro, agora Carlos Sastre vence o Tour, será que este ano ainda pode ser melhor para a Espanha? Sim, provavelmente na Vuelta iremos ter outro vencedor espanhol... já existiu alguma época na história do ciclismo cujo os vitoriosos das três Grandes Voltas fossem todos de nacionalidade espanhola?duvido, mas desconheço...

4 comentários:

carneiro disse...

Faz lembrar a frase: "um espanhol é um português que nasceu do lado certo da fronteira..."

Obrigado pelas suas crónicas. É um renovado prazer quase diário seguir o ciclismo através dos seus olhos.

Anônimo disse...

Tirando o Contador, acho que o Indurain foi o unico espanhol a vencer o Giro, depois vencia o Tour também, mas nesses anos quem andava a vencer a Vuelta era o Tony Rominger.

Portanto se for espanhol o vencedor da Vuelta este ano é mesmo a primeira vez que os espanhóis dominam

Anônimo disse...

Alguém sabe alguma coisa sobre o proximo patrocinador da Credit Agricole ser tuga?

Anônimo disse...

Chegaram a dizer que o patrocinador era uma empresa portuguesa