segunda-feira, setembro 29

Mundiais e duas despedidas.


Os Mundiais costumam ser emocionantes e este não foi excepção, a uma certa altura estava a ver que a corrida de ontem iria acabar num grupo enorme ao sprint, mas os italianos certificaram-se que isso não iria acontecer. Sem dúvida a selecção mais forte, uma das que atacou mais e quando era bem sucedido, tinha sempre mais de um homem ao contrário dos espanhóis que andaram no limite. Enquanto que na última volta apenas Joaquim Rodriguez e Garate conseguiram responder, na Itália era Cunego, Ballan, Rebellin e até Tossato que estavam constantemente na frente, assim não foi surpresa a esquadra azul ter esta vantagem no grupo decisivo. Outra selecção que teve em destaque foi a Bélgica, a uma certa altura pareciam que estavam todos dedicados a Boonen com Gilbert e Nuyens a puxar na frente do pelotão, mas na última volta tanto Nuyens como Van Goolen não resistiram e passaram ao ataque. Boonen no fim comentou a sua desilusão com os seus colegas pois sentia-se óptimo para um sprint final e já tinha avisado-os o que deveriam fazer, no entanto Nuyens afirma que no seu rádio disseram-lhe que Boonen já tinha abdicado da vitória!!

A equipa surpresa se assim se pode dizer foi a Dinamarca, ou talvez a CSC dinamarquesa já que tanto Breschel como Nikki Sorensen são colegas de equipa. Conseguiram entrar no grupo da frente, e Soresen foi fundamental para a sobrevivência deste grupo ao puxar quando este ainda era indefinido, ajudou também ao jovem Matti Breschel arrecadar o bronze para esta gélida nação.


Alessandro Ballan (à esquerda) é o novo Campeão do Mundo. Foi seguido de Damiano Cunego (à direita) seu colega de selecção e de equipa (Lampre), e o medalha de bronze foi o jovem Matti Breschel (Dinamarca).
Fotos cedidas por:
cyclingview.be


Quanto a Portugal não podemos dizer que foi mau, mas também não foi brilhante. Sérgio Paulinho fez o que pôde, talvez ficou à espera da última subida para mover-se no entanto o pelotão começou a partir-se antes, e só mesmo quem estava na frente conseguiu se manter lá, foram poucos os que recuperaram até ao primeiro grupo (Rebellin foi um deles pelo que me recordo...).

O aspecto negativo foi mesmo a realização, a começar pela prova de sub23 com o aparecimento quase mágico de Rui Costa no grupo da frente, e hoje nas últimas voltas onde os telespectadores andaram desnorteados procurando perceber a situação da corrida.

Apesar de tudo, a imagem do dia foi esta, a retirada de dois Campeões. Sinceramente a de Zabel não esperava pois pensei que ainda aguentasse mais um ano, assim sendo aposto cada vez mais numa mudança de Gerald Ciolek para a Team Milram. Arrisco a dizer com alguma certeza que Erik Zabel é o sprinter com maior historial de sempre na história do ciclismo, que não sendo muitas vezes o mais rápido, era o mais consistente; esta é sem dúvida a característa que ficará na minha memória e de muitos que o viram. Esquecendo o facto de se ter limitado a jogar pelas regras na década de 90, parece-me que foi um corredor que sempre honrou o ciclismo e adorava a bicicleta, prova disso é a quantidade de corridas que fazia por ano. Nestas últimas épocas notou-se também a “falta de pernas”, mas que compensou com a sua experiência e excelente posicionamento que resultava num quase certo top5 nas etapas que disputava. Quanto a Bettini apesar de afirmá-lo que não, caso vencesse pela terceira vez iria com certeza continuar, assim sendo, parece que é definitivo. Dois grandes símbolos de uma geração difícil mas vitais à continuidade de muitos amantes desta modalidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bettini mostrou que a selecção italiana, era acima de tudo uma equipa!